Page 24 - Liber do Guerreiro
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cação. Saibam todos que compomos uma força de considerável poder e autoridade,
                esse poder será utilizado apenas para o cumprimento da missão para a qual fomos
                destinados. Desempenhai portanto a vossa tarefa com a certeza de que receberão o

                apoio e a ajuda necessária. O desenrolar desse combate, no qual me encontro en-
                volvido, tem me fornecido a oportunidade de experimentar uma luta diferente, meu
                adversário, embora seriamente empenhado em me derrotar, parece apresentar uma

                certa característica, que nunca observei antes, em qualquer outro rival, luta brava-
                mente, mas aparenta conhecer o resultado final dessa luta, e que a mesma não lhe
                será favorável, ciente então do desfecho, dá sinais de que venderá caro a vitória.


                     A luta se encaminha para uma etapa decisiva, a fúria de ambos os contendo-
                res,  principalmente  a  do  meu  oponente  aumenta  progressivamente,  percebi  essa

                tendência, e resolvi adotar uma outra postura, passei a usar a violência do adversá-
                rio a meu favor, coloquei-me em uma posição defensiva, e deixo-o esgotar pouco a
                pouco as suas energias. O ar ambiente, em conseqüência do desprendimento des-
                sas cargas potencialmente poderosas, encontrava-se saturado pela ionização, uma

                atmosfera cáustica e asfixiante nos envolvia, meu pensamento nesse instante, re-
                meteu-me a atmosfera terrestre atual, impura, agressiva e adulterada em sua com-
                posição, mas nem sempre fora essa a sua situação. Após milênios de paciente e cui-

                dadosa elaboração, a natureza inteligentemente programada, deu como terminado
                o seu trabalho, e os compostos químicos constituintes da rica mistura resultante,
                davam ao produto final uma coloração belíssima, reflexo da atuação da luz solar,

                sobre aquele prisma gasoso. As civilizações primitivas, embora possuidoras de co-
                nhecimentos consideráveis para a época, e construtoras de suntuosos monumentos
                arquitetônicos, eram pouco populosas se comparadas aos dias atuais, e sua tecno-

                logia, se é que assim podemos nomear, os seus rudimentares engenhos materiais
                pouco ou nenhuma alteração produziam nas proporções físicas e moleculares inicial-
                mente estabelecidas.


                     O tempo cumpriu então os seus desígnios, e o homem, prisioneiro do tempo,
                mas  livre  no  espaço,  usou  esta  liberdade  de  maneira  irresponsável.  O  progresso
                material, monstro voraz e insaciável, devorador de vidas e recursos, começou a co-

                brar o preço de seus serviços. O homem então transformou-se em lobo do próprio
                homem, e numa espécie de dinossauro deste final de ciclo. A geração sempre insu-
                ficiente, de uma energia cada vez mais necessária, usada em quase toda a sua tota-

                lidade, para a satisfação de prioridades discutíveis, quanto a sua importância, obriga
                a queima cada vez mais acelerada, dos recursos disponíveis. A vaidade pessoal es-


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