Page 21 - Liber do Guerreiro
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tal, desequilibrando mais e mais a cada dia o já precário equilíbrio ecológico. Quan-
                do o homem, deliberadamente ou não, agride um ecossistema, duramente construí-
                do pela natureza, ao longo de pouco tempo, espécies animais superiores, plantas,

                insetos e bactérias microscópicas, sofrem um abalo súbito e violento em sua rotina
                de existência, grupos de seres predatórios, migram do local devastado, ou sofrem
                extinção,  os  alvos  dos  predadores  multiplicam-se  então  aceleradamente,  agentes

                polinizadores e fecundantes não conseguem realizar o seu trabalho, elementos noci-
                vos  e  agressores,  veículos  de  males  endêmicos  encontram  condições  ideais  para
                proliferar e agir, e voltam-se contra o homem, moléstias que então já eram conside-
                radas erradicadas, recrudescem, e recomeçam a cobrar vítimas e desta vez, com

                uma virulência mais agressiva, isso sem falar de novas epidemias e pragas desco-
                nhecidas,  resultado  de  mutações  genéticas  causadas  por  herbicidas  e  defensivos

                agrícolas. As florestas do planeta cederam lugar em certos países, aos tubarões da
                especulação imobiliária, e as correntes migratórias populacionais, expulsas do cam-
                po pelas dificuldades econômicas, sem qualquer impedimento, e até mesmo com o
                estímulo de políticos demagogos, também efetuam a ocupação desordenada de en-

                costas e baixios junto a lagoas, que abrigavam a até pouco tempo matas e florestas
                que protegiam mananciais, fontes e nascentes de rios. Os segredos e tesouros que
                as florestas escondiam, são agora protegidos de outra maneira, com um custo ope-

                racional que as generosas matas poupavam sem nada cobrar por isso, a não ser a
                sua existência.


                     Refiro-me aos portais interdimensionais, utilizados por nós a milênios, e que
                agora exigem a presença de guardas, constantemente a patrulhá-los para evitar a-
                cidentes, e protegê-los da curiosidade de incautos e intrusos. Esses portais, permi-

                tem,  em  diversos  locais  do  planeta,  a  passagem  de  naves,  seres  credenciados,
                guerreiros como nós, e equipamentos sensíveis, deste plano em que estais para o
                nosso, e vice-versa, e possibilitam ainda o acesso as cidades subterrâneas, que são
                na realidade centros de controle e base de diversas civilizações amigas que realizam

                a  centenas  de  anos,  um  trabalho  de  estabilização,  sustentação  e  monitoramento
                das  estruturas  internas  da  vossa  esfera.  Esse  trabalho,  cresceu  sobremaneira,  a
                partir  das  experiências  nucleares  do  homem.  Recentemente,  no  atol  de  Mururoa,

                apesar dos esforços desses seres, será impossível evitar um desastre de grandes
                proporções que infelizmente ocorrerá em breve. Os seres entre os quais me incluo,
                nada  tem  de  pessoal,  contra  a  espécie  humana,  pelo  contrário,  são  defensores,

                cumpridores de ordens especiais e realizam missões urgentes e inadiáveis, que di-
                zem  respeito  muito  diretamente  a  difícil  e  penosa,  para  vós  humanos,  etapa  de


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